André DahmerPor Rafael Bessa Muitos já conhecem o André Dahmer como o desenhista e quadrinista autor das tirinhas dos Malvados, famosas pelo humor ácido e crítico. Descobrir que Dahmer como poeta é tão ou mais certeiro foi minha grata surpresa. Nascido no Rio de Janeiro em 1974, seus poemas oscilam em proximidade e distância com o estilo dos quadrinhos – há uma aura de sarcasmo e questionamento que permeia boa parte dos escritos. Mas o ponto de vista subjetivo e o caráter contemplativo dos poemas são os pontos que sobressaem ao casarem com o formato moderno do verso livre. André Dahmer traduz a estética e os afetos da contemporaneidade: breve, incerto, cotidiano. Tocando a excelência sempre sem querer, no exercício de só deixar correr o conflito que lhe é intrínseco. André Dahmer publicou seu livro de poemas A Coragem do Primeiro Pássaro em 2015 pela editora Lote42. Além de ser autor de outros 7 livros como desenhista. Publica diariamente seus quadrinhos nos jornais Folha de S.Paulo e O Globo, além de já ter colaborado com publicações como o Jornal do Brasil, o portal G1 e as revistas piauí, Caros Amigos e Sexy. 1 uma música salvou minha vida quando eu nascia de saudades de você ainda hoje cozinho porções para duas pessoas sei me virar sozinho sei me cuidar muito bem telegrama da minha amiga morte: na falta de árvores abrace um poste 2 ela me deixou com cara de quem apanhou da vida as bolsinhas de gordura de olhos que me lavam não raro até o pescoço já não passo um só dia sem tomar banho quando choro de pé cobra que bebe do próprio veneno se choro deitado gota que encontra lar no meu ouvido 3
permaneço calmo antes de você chegar aos pés do seu pescoço avisto um lóbulo que suporta o fardo do outro e da prata penso como é triste revê-la vestida se sinto sua carne de anjo a rosnar pela casa preparo minha cama do tamanho da ásia
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Julho 2017
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