ouve-me que o dia te seja limpo e a cada esquina de luz possas recolher alimento suficiente para a tua morte vai até onde ninguém te possa falar ou reconhecer – vai por esse campo de crateras extintas – vai por essa porta de água tão vasta quanto a noite deixa a árvore das cassiopeias cobrir-te e as loucas aveias que o ácido enferrujou erguerem-se na vertigem do voo – deixa que o outono traga os pássaros e as abelhas para pernoitarem na doçura do teu breve coração – ouve-me que o dia te seja limpo e para lá da pele constrói o arco de sal a morada eterna – o mar por onde fugirá o etéreo visitante desta noite não esqueças o navio carregado de lumes de desejos em poeira – não esqueças o ouro o marfim – os sessenta comprimidos letais ao pequeno-almoço Al Berto.
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Julho 2017
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