O SEGREGO [Jardim Amália Rodrigues, 1961] Vão alguns em busca de beleza, dizem. Herberto Helder Os meus dedos já souberam de cor a perfeição. A morte era o menos. Só a beleza nos parecia intolerável se não a despedaçássemos, voz por voz, compasso a compasso, numa harmonia mais dócil. Menos urgente do que os músculos que ensaiávamos todos os dias sem nos tocarmos. Agora ouço outras mãos a tactear o mesmo mistério e é como segredar, pianississimo, ao ouvido de alguém demasiado longe, quando afinal adormeceste apenas dentro de mim, com as garras cravadas ao de leve na memória. Inês Dias.
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Julho 2017
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