3 poemas de Pedro CraveiroCOPACABANA DREAMS entre nós um continente e dois oceanos de distância então o amor é isto cada um por sua conta e o cheiro a poema velho TO DIE IN L.A. no princípio era o verbo breathe it in and breathe it out todos os distritos em alerta amarelo e os teus joelhos eram a minha casa esse era o tempo em que o teu cabelo fixava o ralo do chuveiro e eu reclamava a mãe não pode ver cabelos no ralo no princípio era o medo de amar-te por inteiro sem esquecer-te na metade todas as manhãs esperava-te à janela e repetia, como te quero mais cedo entendi que o medo por prisão era a certeza dos nossos flancos tu sabias como me convencer e trazias sempre um livro para dois quantos poemas te escrevi uma tarde, recordo-me agora, perguntaste se a minha poesia mudaria o mundo é claro que não no princípio era a poesia em cada casaco achava um isqueiro teu em cada café o teu sabor num maço de marlboro os dias mais ásperos. FUI A BRUGES ESQUECER UM AMOR – em resposta ao poema “fui a Lisboa esquecer um amor" – para o João Meireles tu não estás aqui e tenho beijado todas as garrafas num bar escondido de Bruges sem querer dou por mim a perder terreno na tua vida eu que sempre te esperei às 17 na janela desalumiada do metro entre olaias e chelas tu não estás aqui e é tão bom assim: despertar incerto partir a língua em dois como um hiato granjear o sol dalgum hemisfério reaver-me dos engenhos necessários e supor que tudo se resume, caro watson, a morte & amor tu não estás aqui em tanto sítio em tanto corpo assediado no dia em que Freddie morreu. se em muito te reconhecia, em pouco te relembro agora O autor:
Pedro Craveiro nasceu no Porto, em 1990. É mestre em Estudos Literários Culturais e Interartes pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Publicou um poema no Anuário da Poesia de 2015, lançado pela Assírio & Alvim e tem outros publicados em revistas eletrônicas.
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Julho 2017
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