RACCONTO Chegada na festa de olhos vendados e ninguém se apresenta. Mofamos no canto calados mas o nariz desperta (está no ar o perfume do perigo) muita batida conversa de atropelo joelho cotovelo – esse ângulo, amor, é impossível – poucos reparam na moça porque passa uma salada, bandeja de palavras raras com citação clássica em forma de cereja. Circula a taça, o narguilé, risada fraca afrouxa o cinto, o colóquio vira circuito de peitinhos rijos mas quando se repara já é tarde: o penetra mordisca o damasco, cospe o caroço identifica-se. Sou um artista, vou comê-la e Afrodite quase distraída: por que não? Eu também sou filha de Zeus. Eudoro Augusto.
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Julho 2017
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