2 poemas de Fernando EchevarríaDescalça de viver, andava sempre. Enchia a rua quando não passava. Mas, se passava, desfazia o tempo e apagava a rua, os homens e as lágrimas. Nem ela própria já vivia dentro de si. A roupa que levava tinha uma cor de triste e pensamento que não se sente e não se vê. E nada dela se via que não fosse um vento. Nem um silvo ou perfume a denunciava. Sabia-se, de certo, que vivia porque o dia, a certas horas se quedava pronto, parado, como não sendo dia. Ela, descalça de viver, passava... TERRAMOTO
Rio de terra. Percorres a carne. Rumor e alento que se respira com torres arrastadas pelo vento. Irrompes. Rasgas e arrasas até ruírem as brasas sobre a língua. E continuas rasgando o sangue e as veias com venenos e com luas e cornos que tu incendeias.
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Julho 2017
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