Poema 10 Temos perdido também este crepúsculo. Ninguém nos viu esta tarde com as mãos unidas enquanto a noite azul tangia sobre este mundo. E tenho visto desde minha janela uma festa do poente entre as serras distantes. Às vezes como uma moeda se ascendia um pedaço de sol entre minhas mãos. Eu te recordava como a alma apreendida dessa tristeza que tu me julgas. Então, aonde se encontrava? Entre estas gentes? Falando que palavras? Por que me chega todo este amor de um golpe quando me sinto triste, e te sinto longe? Caiu o livro que sempre se toma no crepúsculo, e como um cão ferido tangeu aos pés minha capa. Sempre, sempre te distancias entre as tardes onde o crepúsculo corre maculando as estatuas. Pablo Neruda.
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Julho 2017
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