Cartas Escreves-me cartas, sou o destinatário da tua solidão. E sempre compreendo tudo, mesmo o que não dizes, o que tinge as entrelinhas de um branco desespero que é tanto teu como meu: não tens quem te salve, envelheceste, trataste mal de um jardim que não chegou a vingar. Se nos cruzássemos nas ruas desta cidade entre desconhecidos de toda a sorte, talvez nos sentássemos a falar da nossa vida, isto é, de como vamos ficando cada vez mais órfãos de nós próprios. Ou, pensando bem, talvez não. Rui Pires Cabral.
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Julho 2017
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