3 poemas de Rafael Bessadia amarelo ela me acorda. tarde: cabeça em suor. piso nuvens de frases em minúsculo. sinto a garoa de vogais. ela traz o passado no rosto e me convence. dia amarelo. vejo crianças na janela e janelas nas crianças. a brisa sopra advérbios de modo. ela me abraça, dói mas eu não digo. preenche minhas lacunas com neve. pesa sobre o corpo como abismo. volto a dormir. cinco-horas: cabeça em céu. engulo chuvas de hiatos. sussurro tempestades de neologismos. talvez eu só esteja surpreso por não sentir coisa alguma eu penso em manusear armas de fogo estudar hagiografia aumentar a resistência física ler crítica da economia política das kapital mas por quem você se tornou eu sinto absolutamente nada sei que atrás de tuas lentes largas há uma dor que secretamente afagas (há uma dor que secretamente calas) sonhas em sangrar com alguém ao lado e sei que no ponto-final que me lanças dorme a vontade de ser outras tantas como as tantas que és sobre o tablado mas espera, só mais um mês do teu egoísmo um pouquinho mais de platonismo que é pr’eu sentir um pouco mais de dor espera, que ainda não sei o que te dizer que me esvaio em centelhas ao te ver que é pr’eu sangrar o que possível for que me esvaio em centelhas ao te ver que me desfaço em centenas O autor:
Rafael Bessa tem 29 anos e nasceu em Brasília. Teve seus primeiros poemas publicados no livro Dedos de Inverno (2015). Trabalha como designer em Nova Iorque e publica seus poemas aqui.
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Julho 2017
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