Boletim do mundo mágico Meus pés sonham suspensos no Abismo minhas cicatrizes se rasgam na pança cristalina eu não tenho senão dois olhos vidrados e sou um órfão havia um fluxo de flores doentes nos subúrbios eu queria plantar um taco de snooker numa estrela fixa na porta do bar eu estou confuso como sempre mas as galerias do meu crânio não odeiam mais a batucada dos ossos colégios e carros fúnebres estão desertos pelas calçadas crescem longos delírios punhados de esqueletos são atirados no lixo eu penso nos escorpiões de ouro e estou contente os luminosos cantam nos telhados eu posso abrir os olhos para a lua aproveitar o medo das nuvens mas o céu roxo é uma visão suprema minha face empalidece com o álcool eu sou uma solidão nua amarrada a um poste fios telefônicos cruzam-se no meu esôfago nos pavimentos isolados meus amigos constroem [um manequim fugitivo meus olhos cegam minha mente racha-se de encontro a uma calota minha alma desconjuntada passa rodando Roberto Piva.
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Julho 2017
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