Um poema de Fabiane GuimarãesQueria escrever um poema sobre as vidas que perdi dentro deste carro último modelo Num engarrafamento que já dura três dias Um poema sobre as minhas péssimas escolhas E todos os vazios que vieram delas Que sou bicho teimoso Mas não é todo dia Tem dia que eu me sinto bem Às vezes me bate vontade de voltar para um lugar Que talvez nem fosse assim tão bom Só de menos solitário me chega saudade Eu queria deixar de ser tola Meio orgulho, meio trouxa Também queria ter tido a opção de te amar Quando você precisasse Do jeito que você, do seu jeito torto Ainda merece. Vai ver é por isso que não sei escrever poemas: Eu que aprendi a escrever de tudo Até dos acidentes Os corpos amontoados no asfalto Ultimamente só vejo desgaste Rodapés trincados Flores atropeladas Café em copo de plástico Quem sabe porque, de todos esses poemas que eu não escrevi Nunca escreverei Acabei desse jeito: O coração meio oco Ruminando todas essas tristezas Que de tão mudas Comuns, traiçoeiras Jamais poderão encontrar conforto Mas não é todo dia. A autora:
Fabiane Guimarães é escritora e jornalista radicada em Brasília. Autora do folhetim Pequenas Esposas, publicado na Revista AzMina. Site oficial.
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Julho 2017
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