Meteoro Eu direi as palavras mais terríveis esta noite enquanto os ponteiros se dissolvem contra o meu poder contra o meu amor no sobressalto da minha mente meus olhos dançam no alto da Lapa os mosquitos me sufocam que me importa saber se as mulheres são férteis se Deus caiu no mar se Kierkegaard pede socorro numa montanha da Dinamarca? os telefones gritam isoladas criaturas caem no nada os órgãos de carne falam morte morte doce carnaval de rua do fim do mundo eu não quero elegias mas sim os lírios de ferro dos recintos há uma epopéia nas roupas penduradas contra o céu cinza e os luminosos me fitam do espaço alucinado quantos lindos garotos eu não vi sob esta luz? eu urrava meio louco meio estarrado meio fendido narcóticos santos ó gato azul da minha mente Oh Antonin Artaud Oh Garcia Lorca com seus olhos de aborto reduzidos a retratos almas almas como icebergs como velas como manequins mecânicos e o clímax fraudulento dos sanduíches almoços sorvetes controles ansiedades eu preciso cortar os cabelos da minha alma eu preciso tomar colheradas de Morte Absoluta eu não enxergo mais nada meu crânio diz que estou embriagado suplícios genuflexões neuroses psicanalistas espetando meu pobre esqueleto em férias eu apertava uma árvore contra meu peito como se fosse um anjo meus amores começam crescer passam cadillacs sem sangue os helicópteros mugem minha alma minha canção bolsos abertos da minha mente eu sou uma alucinação na ponta de teus olhos Roberto Piva.
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Julho 2017
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