Malú Nunes De longe a tua acidez dá medo, mas aquele medo bom sabe? Daqueles que descobrimos o doce na primeira mordida acanhada num fruto desconhecido. De perto sua fúria é visível, olhos grandes como os meus, nariz imponente como dos nossos pais. Fúria contra quem? Partido do quê? Sinto falta da sua doçura dos anos 90, da parceria a qualquer custo, qualquer tostão. Mesmo tendo você do lado, há um abismo no acaso da vida, na nossa casa. Um mesmo lar tão craquelado por diversas visões. Estamos com vinte e poucos, eu nem tanto mais velha, mas mais experiente. Observo quieta teu mundo ruindo sufocando no peito um pedido de ajuda. Quero desatar esses nós na tua garganta, libera essa angústia, eu tô aqui. Quero te ver feliz, pleno, em paz. Confia nesse elo que não é apenas sanguíneo. Nesse ano só quero que você passe: por mim, de fase, que passe bem. Façamos um pacto: não se afaste sem poder segurar a onda sozinho. Sei que ainda precisa de outras mãos e elas podem ser minhas. Me chama. Pode não parecer, mas me importo com cada nota sofrida que tocas sozinho pela manhã, dedilhando a melodia da mesma canção. Me deixa sugerir novos acordes, alegrar teu violão? Eu te percebo e nosso lugar é comum. É um pedido de resgate, pra ambos, façamos as pazes, sejamos doces e deixemos que só o amor seja irredutível.
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Julho 2017
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