Que a palavra te redima do erro. Que a palavra seja o erro. Deslizas sobre a terra. Deslizas sobre as águas. Tudo é veloz e extremo. Pó em torno da tua dor. Pó em torno do teu choro. O que te atinge em pleno voo. A cegueira que te atinge em pleno voo. Ergues-te para a mais secreta alegria de abandonares o teu corpo. Que a palavra te redima do erro. Que a palavra seja o erro. A tua história, onde escreveste o indefinível do teu nome. Eras criança. Estendias as tuas asas. E as tuas asas faziam a imensa sombra sob a qual se abrigava o que era reconhecível e amável. Deslizas sobre a terra. Deslizas sobre as águas. Tens o talento antigo de estenderes as tuas asas. Agora quebradas, para sempre quebradas. Já sem a amplitude do início, é no ocaso que escondes a tua vergonha. Por tua vontade, desejo e mágoa exumas a palavra do passado, a inocência que o não era. Que a palavra te redima do erro. Que a palavra seja o erro. Luís Quintais.
0 Comentários
Enviar uma resposta. |
Archives
Julho 2017
Categories
Todos
|
ESCORRER