CANTO VI CANTO DA DESAPARIÇÃO I Aqui é o fim do mundo, aqui é o fim do mundo em que até aves vêm cantar para encerrá-lo. Em cada poço, dorme um cadáver, no fundo, e nos vastos areais — ossadas de cavalo. Entre as aves do céu: igual carnificina: se dormires cansado, à face do deserto, quando acordares hás de te assustar. Por certo, corvos te espreitarão sobre cada colina. E, se entoas teu canto a essa aves (teu canto que é debaixo dos céus, a mais triste canção), vem das aves a voz repetindo teu pranto. E, entre teu angustiado e surpreendido espanto, tangê-las-ás de ti, de ti mesmo, em que estão esses corvos fatais. E esses corvos não vão. Jorge de Lima.
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Julho 2017
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