3 poemas de Fabiana MottaResíduos Um dia desses abri a janela e fiquei ali parada olhando. O tempo deixa um rastro que a gente só enxerga das janelas. Tem uma cor rosa esfumaçada e um cheiro de cachorro suado. Ele não fala nada, não suspira, não olha pra trás. Ele deixa essa bagunça rosa e fedida no coração da gente. Esse coração Este espaço de tempo De tudo que nunca seremos É música. Esse coração É perene É gota d'água É inatingível Intocável Impenetrável Nunca meu. Brief encounter Longe de mim Cor cinza, Língua estrangeira, Teu coração apertado Desandou o meu, O teu abraço perdido Alimentou meu suspiro Fiquei vazia. O espaço entre meus braços E tudo que não te participa É feito de tempo. Entre cafés E detalhes Te esqueço. Entre a cama desfeita da noite E a manhã aguada de sol e varais Te ponho pra fora. Guardo comigo Só o que me consola Teus olhos. A autora:
Fabiana é gaúcha, estudante de Antropologia na Universidade de Brasília e mora na capital há 16 anos. Desde 2007 faz parte do grupo de poetas da cidade chamado Nexo Grupal. Tem poemas e contos publicados em antologias, além de uma participação na exposição Cuide de Você, da artista francesa Sophie Calle (2009).
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Julho 2017
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