Abro a porta. Olho constantemente para o mapa mas já não me lembro para onde queria ir. Podia ficar aqui, enquanto a noite respira nas janelas embaciadas. Os móveis apagam-me os passos em ângulos cegos e, nessas sombras do incerto, deixo que o cansaço me tire a peruca da paciência assim como a noite nos tira a roupa antes de dormir. Isolado num cantinho da boca entreaberta, o teu sorriso vai contribuindo para o genocídio dos camarões que o vinho branco torna sempre menos sangrento. Poderia, de facto, ficar aqui enquanto desapareces, por fim, num sono sem importância. Vou esvaziando os copos e começo a compilar beijos, como quem junta, à pressa, moedas caídas pelo chão: somos todas putas, rapaz, com ou sem vodka. Golgona Anghel.
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Julho 2017
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